Entre os deslocamentos
Muita história pra contar...
Uma aventura e tanto durante o trajeto de Sant Sulpuci (Suíça) a Veneza (Itália)
Apesar da paixão pelas viagens de trens, não posso deixar de registrar o quanto o viajante precisa ser resiliente para não ter resultados desfavoráveis para contar. Depois do avião, o trem é o meio de transporte que mais oferece agilidade entre um ponto e outro da viagem, mas também exige preparo físico para o deslocamento entre os pontos de interesse, sem contar o carregamento de malas e mochilas.
É justamente aí onde tudo começa. Muitos viajantes transportam mais pertences do que os espaços físicos conseguem acondicionar, por isso vira uma verdadeira batalha campal subir e descer de cada destino. Os trens, por mais modernos que sejam, possuem espaços limitados e apenas os primeiros viajantes que chegam conseguem sentar-se e acomodar-se da melhor forma sua bagagem, quem vai chegando por último, pode acreditar que o estresse será seu maior companheiro. Malas que não cabem nos bagageiros, mochilas que não conseguem ser transportadas entre as pernas, além é claro da disputa por tomadas com a finalidade de carregamento de smartphones e laptops (ainda utilizados por vários viajantes).
Todo mundo sentou-se e agora tudo certo, simples assim? Só que não! A escolha correta do assento não é tão fácil como parece, alguns viajantes simplesmente são distraídos, outros são displicentes, apenas se acomodam em qualquer lugar esperando seu destino chegar sem se preocupar com o “verdadeiro dono do assento”, aquele que efetivamente pagou pelo lugar. O entra e sai do vagão torna-se muitas vezes até engraçado de ser observado, desde que você não seja a próxima pessoa a sair da sua zona de conforto e procurar outro assento. Além das bagagens (malas, bolsas e mochilas), ainda existem os carrinhos de bebês, bicicletas, andadores, skates, entre outros, e tudo isso dificulta a circulação entre as pessoas. Pode-se observar, mesmo sem compreender o idioma falado, que casais estão discutindo, que crianças estão descontentes, até os bebês mostram-se esgotados, tudo isso para conseguir um bom lugar.
Ao desembarcar na estação Milão Central, entre uma conexão e outra, deu tempo de observar o comportamento das pessoas e foi nesse momento que surgiu a inspiração para descrever essa aventura. São vários painéis eletrônicos espalhados pela estação, o que parece não ajudar a todos, muitos usam a consulta ao site da companhia de trem, outros correm de um lado para o outro, como se um pote de ouro fosse a recompensa para quem chegasse primeiro. Ainda tem as pessoas que chegam à estação com atraso e correm com malas, com crianças, com cadeiras de rodas, com andadores, é incrível observar tudo isso. E o que falar sobre a fome? Sim, a fome dos viajantes. Alguns carregam seus próprios lanches, outros entram apressados nas lojas, outros compram em máquinas automáticas (o que não recomendo – pelo alto custo dos itens vendidos). Daria para escrever uma tese sobre o comportamento humano, é até engraçado.
Para quem viaja sem malas, em trajetos mais curtos, o passeio torna-se mais agradável, essa preocupação desaparece, simplesmente você separa seu bilhete, ou comprova a aquisição através da tela do smartphone, senta e curte a viagem. Consegue observar as belas paisagens, tirar um cochilo ou simplesmente bater um bom papo com aquela companhia agradável, mas no momento atual o que mais se observa são pessoas conectadas com o smartphone – plugs nas orelhas, ouvindo músicas, assistindo, séries, filmes, jogando ou usando algum tipo de aplicativo.
A música da pluralidade dos idiomas é apaixonante, idiomas que nem sequer conseguimos distinguir, os mais falados são o italiano, alemão, francês, inglês e provavelmente o mandarim, mas percebemos um grande número de pessoas que parecem ser da Índia, Bangladesh e de toda parte do mundo.
Em nossa segunda viagem pela Itália (2011) e primeira pela Suíça, conseguimos observar uma maior fiscalização dentro dos trens, regionais e internacionais. A confirmação é feita por um profissional da empresa de trem e esta foi feita em quase todas as viagens, já dentro dos ônibus na Suíça isso não aconteceu nenhuma vez. Diferente aconteceu durante os passeios de barco: na Suíça Italiana nenhum fiscal nos pediu a confirmação da aquisição dos bilhetes, somente quando chegamos à Suíça Alemã foi que essa ação de intensificou e não parou mais.
Comparando os dois países (Suíça com a Itália), percebemos que os trens na Suíça são mais novos, as estações estão mais conservadas, mas a malha viária dos países se equivalem. É maravilhoso poder circular entre cidades, países, sem precisar usar o avião, o que em minha opinião só ganha na questão da velocidade, nada mais. A contemplação das paisagens através da janela do trem ou passeio de barco não tem comparação!
Meios de transportes na Suíça